Publicado em 25 de outubro de 2024
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, acelerou para 0,54% em outubro, ante 0,13% em setembro, informou o IBGE nesta quinta-feira, 24. Foi a maior taxa mensal desde fevereiro (0,74%).
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,71%. Em 12 meses, o índice bateu 4,47%, acima dos 4,12% observados nos 12 meses imediatamente anteriores, encostando no teto da meta de inflação.
O centro da meta oficial para a inflação em 2024 é de 3%, medido pelo IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A taxa de outubro veio acima do esperado. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,50% para o período.
O principal impacto veio da energia elétrica residencial, que passou de 0,84% em setembro para 5,29% em outubro, com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2 a partir de 1º de outubro.
Com exceção de Transportes, cujos preços recuaram 0,33%, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no mês de outubro. O destaque foi Habitação, responsável pela maior variação e o maior impacto no índice. Houve uma aceleração no resultado desse grupo em relação a setembro, quando teve variação de 0,50%. Os grupos Alimentação e bebidas e Saúde e cuidados pessoais, tiveram alta de 0,87% e 0,49% , respectivamente.
No grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio teve aumento de 0,95% em outubro, após três meses consecutivos de redução de preços. Destaque para os aumentos do contrafilé (5,42%), do café moído (4,58%), e do leite longa vida (2%). Entre as quedas, destacaram-se a cebola (-14,93%), o mamão (-11,31%) e a batata-inglesa (-6,69%).
Também pesou no índice do mês a subida de preços do gás de botijão (2,17%).
Quanto aos combustíveis, o gás veicular (-0,71%) e o óleo diesel (-0,23%) apresentaram quedas, o etanol subiu 0,02% e a gasolina mostrou estabilidade de preço.
A queda no grupo Transportes é explicada principalmente pelas passagens aéreas (-11,40%). Ônibus urbano (-2,49%), trem (-1,59%) e metrô (-1,28%) contribuíram também para o resultado negativo do grupo, em decorrência da gratuidade nas passagens concedidas à população, no dia das eleições municipais, em 6 de outubro.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a abertura do IPCA foi desfavorável na média dos núcleos. “As implicações para a política monetária reforçam a expectativa de que o BC irá acelerar o ritmo de aumento da Selic para 50bps na próxima reunião”, avaliou.
Atualmente a taxa Selic está em 10,75% e o mercado espera também uma elevação – de 0,50 ponto percentual (p.p.) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nos dias 5 e 6 de novembro.
“Vemos um cenário inflacionário cada vez pior, e sem previsão de melhora no cenário fiscal para ancorar as expectativas de inflação, que poderia ajudar o país a ter juros mais baixos”, disse Andre Fernandes, head da mesa de renda variável e sócio da A7 Capital.
A indefinição em corrida eleitoral dos EUA traz uma complicação adicional para a decisão do Copom em novembro. O ineditismo está no fato de que a eleição norte-americana ocorrerá em 5 de novembro e, dado o complexo sistema de votação e de contagem de votos dos EUA, o vencedor da disputa na maior economia do mundo ainda não estará definido quando os membros do Copom deliberarem sobre a Selic.
Fonte: Istoé
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